Textos velhos e novos. Um emaranhado de sentimentos à flor da pele.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Tenha pena sim. Pena por não sonharmos tanto. Apenas sustentar uma leve esperança na vida. Não digo da outra filha, mas de mim. Sabe, aquelas esperanças bobas de ainda ontem? A gente fica parada na curva da rua, Lu. Ficamos ontem. Falamos tanto e sempre naquele ar de silêncio que fica no fim de cada frase, você já reparou? Tenho essa coisa de perceber umas bobeiras. Mania. Frescura. Eu não sei. Reparo tanto e sempre me esqueço. Perda de tempo, não? Gosto de reparar nas roupas chamativas de uma mulatas que vejo na rua. Aquelas roupas que misturam toda a sorte de estampas. Sejam flores, onças, curvas indeterminadas. Seja a vida passando em cada fio do decido. Só gosto de olhar. As de ancas largas. As com panos na cabeça, que carregam uns fios armados tão bonitos. E mais estampas. Gosto de olhar a roupa sem nenhum tipo de senso dos senhorezinhos tortos do peso da vida. Ah, me da uma loucura de sacar uma polaroide e ir fotografando tudo. Sempre planejo desenhar depois. Mas esqueço e não levo muito jeito, você sabe. É, aprendemos muita coisa antes do tempo. Mas eu me desespero Lu, quero engolir todos os livros de uma só vez. Acabo não ledo é nada. Quero viver todas as histórias bonitas, mas acho que perco um certo tempo as escrevendo. Tenho uma pressa da tudo. Uma ansiedade. Como posso ser tão tranquila? Sempre afoita pra viver tudo, mas numa tranquilidade de não se importar com nada. E tem piorado, sabe? Vivo sofrimentos de trinta minutos. É que esqueço de continuar neles. E penso muito também. Como pode alguém tão impulsiva pensar tanto assim? É, a gente aprende umas coisas que nos deixam duros na vida. Mas ainda tenho minha bobice. E sempre caio nessa. Como pode eu saber de tantas coisas que sei e não saber nada ainda? É Lu, não temos vocação para criadoras de contos. Sejam de sapatos vermelhos, sejam de meninas monocromáticas, sejam lá de reticências. Inventa um conto pra eu me apoderar de toda alegria e choro. Coisa bonita também emociona. Aliás, emociona quando é bonita. Mas não precisa ser de menina monocromática. Pode ser esses contos meio tortos. Sem pé nem cabeça. Só pra eu me distrair e deixar pra lá um bocado de tolices. Já te pedi: Me ensina um pouco mais a não ter medo de falar.
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Parou. Reparou. Escreveu e se foi.