Textos velhos e novos. Um emaranhado de sentimentos à flor da pele.

sábado, 1 de junho de 2013

E logo disse:
"- Quem traz uma sacola assim?"

Uma personagem sem rumo algum. Daquelas que saem por aí entrando nas histórias dos outros e acaba virando personagem principal. Essas aí, que compram ‘vinho santo’, e se não fossem os plátanos, seriam só histórias dentro da sacola com cara de verde-molhado. Já percebeu essa cor? 

Sim. Verde molhado, com cor de planta do alto da neblina. Que só de olhar já se pode contar os orvalhos. Tem cara de saúde, saudade, e é cor feita exclusivamente para estampar sacolas de compras que não se leva nada pago. Porque coisa boa, a gente cole no pé das árvores, nesses jardins disfarçados de gramado com plaquinha de não-pode-pisar! E não se pisa porque corta a correnteza do acreditar, que é bem mais forte que viver, que quem vive sem acreditar em sua coisinhas simples, nem precisa nascer. Não é 'futileza', é apenas simplicidade. Amor estratégico que não foi feito para qualquer um. Você sabe?

"- Sacola de vento com plátano que a chuva derrubou. Não levava nada, só uma leveza. E se um ladrão viesse? Ela diria com aquele jeito de quem acha que todo mundo entende:
- Tem nada não Seu Ladrão, só o outono."

- Boba fui quando estranhei não deixar a leveza da bolsa repousar no carrinho das compras, afinal, vazio às vezes incomoda. Boba fui de pensar em vazio. Levava tesouro!

"- Cuidou o tempo todo da sacola verde-molhado. Nem do vinho santo cuidava tanto. Sabia que uma gota de santidade pingada nuns pecados torna tudo santo, mas, perdida a veste de outono quem a vestiria? O inverno não cabia nela, era de sol de fresta que precisava."

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Parou. Reparou. Escreveu e se foi.