Textos velhos e novos. Um emaranhado de sentimentos à flor da pele.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Pra que sofrer por um ou dois pigarros gritados, ou por uma curva mal feita, ou por um Bom dia não dado. Ou por um mal comprimento, ou por essas coisas (mal)ditas em voz alta só para causar azedume? Tudo passa. A gente chora, desespera, sofre, grita, emudece. A gente quer sair correndo mesmo sem a chave na mão. Mas depois respira fundo. Toma um banho demorado - só nesse dia a água do mundo tem o dever de não acabar - Coloca uma roupa esquisita, própria de pessoa esquisita. E parte. Apanha o ônibus. Faz sinal debaixo de chuva e se apressa pra fechar a guarda-chuva enferrujado antes que o coletivo pare. Ah, você esquece das lágrimas e da Boa Tarde para o motorista, sorri e agradece o cobrador. Vai cambaleando até o banco alto. Não se faz menor aos pares de olhos que observam com aspereza e estranheza e cinismo. Você entra na salinha e sempre para para observar se te notam a presença. E notam com sorrisos e gracinhas. E nos vêem com veemência. Sorriem. Abraçam. Conversam. Cochicham. Você sai junto a ela para o ponto de ônibus. Eu saio junto a ela. Eu saio junto a mãe. A você. Mais umas conversas de folclores e São Paulos e tecidos. O ônibus chega e abraço com amor e cansaço. Dou tchau a essa mãe e fico observando a subida no ônibus. Se mistura na furta-cor da roupas de outros tão cansados e apressados quanto a mãe. Sumiu. E caminho pelo frio. Com roupa esquisita e pouco pano para cobrir tanto frio. Mas estou quente de ternura. Não é quem pare. Nem quem mora. É quem enche de afeto e amor. Eu me sinto amada.

(Para Luciane Recieri - 15/08/2013)

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Parou. Reparou. Escreveu e se foi.