Textos velhos e novos. Um emaranhado de sentimentos à flor da pele.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Não sei de prática alguma. Nem de ciência e tão pouco da terra. Vivo fora de órbita. Sei dos meus deslizes. Os sei bem. E mediante a tal situação, não poderia fazer coisa alguma. Aprende-se mais na vida. Na labuta, nos pecados, nos erros e quase nada nos acertos. feliz os que desejam bom dia aos velhos. Não se espante. Gente vivida, de rugas e rusgas, são velhas mesmo. Sei disso porque ouvi da boca do Suassuna, o Ariano lá do auto da Compadecida, que me abraçou um certo dia. E levo comigo o abraço fraquinho por falta de uma caneta para assinar o meu livro. Feliz os que se importam menos, quebram a cara, falam mais que a boca, os que se assustam com os olhos vermelhos das velhas carrancas que colocam na frente de casa pra afastar os maus. Maus o quê? Espíritos? Demônios? Velhos? Hiperativos e desastrados? Ou a própria sorte? Feliz os que choram de raiva e aceitam toda derrota da vida. Aceitam, sorriem e deixam pra lá. Tentam outra vez. E sente-se na esperança, mesmo que não cheguem a lugar nenhum. Felizes os poetas. Loucos. Insanos. Velhos de guerra. Que sentem a vida diferente dos outros. Se importam com as coisas erradas. Pássaros. Gizes. Sorrisos. Gente velha. Se importam com sabores de gentileza. E saem espalhando conversa pra todo mundo que os olham. São exigentes: Não querem nada da vida. Apenas o simples. Gostam de canguiço. São caretas mais se arriscam. Doidos eles são. Não dão valor pras coisas que chamam de sérias. Dizem que eles só não conversam com objetos inanimados. Mentira. Falam com tudo quanto é flor. E mesas e cadeira, e janelas e telhados. "Bom dia, Seu Moço." E ficam olhando pra trás apreciando a roupinha do velhinho que mal anda com seus passos magrelos. Não, não tiram nota alguma nas coisas "importantes". Nessas matérias de gente grande. Mas não tem nada não. Se enganam, oras. São seres carnais. Almas cobertas de pele. E quem não erra na vida? E tem erro maior que a brutalidade das palavras? Coisinha mais bonita são as palavras - ainda que mal traçadas - para serem jogadas com farpas. Sobem quente na garganta. Mas forte que conhaque. Suponho. E descem os ouvidos rasgando. Deixa um estado de mal-entendido no ar. E não há licença poética que de jeito. Pensam logo que irão se ferrar. Tem nada não, Dona Moça, quem nunca se ferrou por dar mais atenção as palavras? Ou esse fato só ocorre com os doidos ou com os poetas ou velhos ou com os desatentos ou com os durões ou com os frágeis? Tem nada não, estão todos no mesmo potinho. "Mas só não me deixará doido, porque isso sou, isso já sou."

(24/06/2013 - 16:19)

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Parou. Reparou. Escreveu e se foi.