Textos velhos e novos. Um emaranhado de sentimentos à flor da pele.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ensinar amor é labuta interminável. Falo com propriedade no assunto, porque quando se trata de ensinar amor pra gente dura-na-queda temos que ter toda sorte do mundo e quase tudo de sabedoria no assunto. E são tantos os amores pra ensinar. E é mais difícil quando se trata dessas pessoas que vieram na vida antes da gente. Que nos coloca cabresto por medo de erros. Mas essa historia de vida plena eu já falei por mais de uma palavra. Digo agora da felicidade que se sente... Não. Digo da felicidade que eu senti - porque sempre tenho medo de me dirigir na primeira pessoa -. Estava naquele fiozinho que separa manhã da tarde. Onde tudo pode ser. Ando branda no que gosto. Nunca no jeito. Nunca vou perder minha esquisitice. De fazer caretas tortas, de andar com a cabeça na lua, ou em outro satélite mais distante. Mas tenho gostado do tal brando. Jamais do raso. Passo longe. A minha felicidade foi ver aquela mulher que faz questão de carregar o mundo nas costas parando pra ouvir Jazz comigo. Eu disse que era mais brando. E foi assim, como se de repente o tempo tivesse saído pra tomar uma água ou acompanhar o New York Times de perto. Virou silêncio pleno. Quebrado apenas pelo som macio do Dave Brubeck Quartet. E olha que estava em volume notável. Não esbravejou ou trocou por qualquer bobeira que se aprenda na televisão. Apenas deitou e permitiu que o som se estendesse no ambiente da sala. E eu que conheço bem essa mulherzinha, reconheci o seu jeito de mostrar que gostou. Ficou lá ouvindo, calada. Com arzinho de coisa boa na cara. Se eu fiquei feliz? Estou até agora. Mesmo que ela tenha saído correndo para resolver o caos da vida na surdina. Mesmo que ele não ache que hoje o dia está lindo - porque o dia está lindo de todos os modos - mesmo assim me deixou bem. Me deu vontade de andar a pé e deixar o gelado do dia cair na pele. Armar mais ainda os meus cachos. Sentar em algum lugar a céu aberto e conversar com meu amigo Exupéry. Voltar aquela intimidade que tínhamos quando eu tinha meus doze anos. Ainda que no resto de infância que me ocorria. Porque não fui contemplada com o princepezinho antes disso como as outras crianças que partilham desse amor. Foi aos doze mas em uma única noite. Manifestava ali a minha mania de ainda hoje ler no escuro. Sempre aproveitei qualquer fresta de meia luz que fosse pra passar os olhos em qualquer palavra espalhada em livros por ai. Voltei ao meu estado de solidão diária. Mas não é melindre não. É apenas um jeito de ser de as vezes. Coisa de quem pensa muito e esquece de onde está. De quem pensa tanto que esquece de rir da piada. Porque já riu lá dentro da cabeça. Já viveu a situação. Já foi e já voltou. E quando volta, tem sempre dois ou mais pares de olhos estalados com cara de pergunta. E nessas questões de ensinar amor sei bem porque também aprendo a amar. Sempre que estou cansada de ouvir o silêncio recorro ao bom gosto da Luciane. Minha mãe por amor. "O Seu Moço, essa é Luísa minha filha e essa é Helena, minha filha de coração" Me deixa com sorriso largo. Sempre. Então vivo a aprender a ensinar amar o simples. A daqui, aprende e desaprende a todo instante. As vezes canso. mas retomo sempre. Por bobeira ou por mania. Mas gosto de fingir que consigo e me manter feliz quando de algum modo ensino. Porque não se tem faixa etária para ensinar ou aprender. Sempre tento a minha maneira. E também saio correndo por sempre me atrasar. tenho desse, um amor muito grande por não me importar. Sentar em tudo quanto é chão. Subir qualquer morro e morrer da falta de ar depois. Esquecer de ter hora pra voltar. Mas sobre o amor, sorte é poder ensinar alguma coisa de simples. 

(01/07/2013 - 14:55)

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